quinta-feira, 8 de abril de 2010

Jornal A Palmatória - Subsídios para uma resenha histórica

Subsídios para uma resenha histórica

A IGREJA E O COLÉGIO DIOCESANO

De ano para ano, não pára de crescer o número de jovens proencenses que ingressam no ensino superior.

Proença-a-Nova sempre teve um potencial humano excelente, facto que é atestado pela história que nos dá a conhecer o nome de muitos homens letrados, particularmente missionários, e que consigo levaram o nome da nossa terra às quatro partidas do mundo. Com razão, Proença era apelidada a “Roma da Beira”.

Entre esses proencenses ilustres, agiganta-se o nosso conterrâneo Dr. Pedro da Fonseca, padre jesuíta, mestre, humanista, homem de saber e de cultura, homem da solidariedade e do social, homem da ciência filosófica - o “Aristóteles Português”. No presente ano lectivo, com data de 12 de Dezembro de 2000, o Ministério da Educação promulgou o esperado despacho em que atribuiu o nome de Pedro da Fonseca à Escola E.B. 2,3/S de Proença-a-Nova, conforme solicitado pela comunidade escolar.

Se, no passado mais distante, a Igreja foi o grande alfobre de vocações no campo da missionação e do acesso à cultura e ao saber, ministrados nos seminários, num passado mais recente - anos sessenta - foi ainda a Igreja local, paróquia e Diocese de Portalegre e Castelo Branco, o motor do desenvolvimento cultural e económico de Proença. Na verdade, o Colégio Diocesano de Proença-a-Nova teve um impacto fundamental na tessitura humana concelhia, quando em 1961 abriu portas nesta região isolada do interior. E em 1974, para um universo de 800 alunos matriculados, o Colégio tinha 64 estudantes a frequentar o ensino superior.

UM NOVO CICLO ESCOLAR COM A C+S

A oficialização do ensino, ocorrida em Dezembro de 1975 (pelas portarias nº 724/75 de 5 de Dezembro e nº 497/75 de 31 de Dezembro) veio abrir um novo ciclo na valorização cultural do nosso concelho. Combatida inicialmente por alguns, aceite só mais tarde por outros - processo não isento de erros graves na sua génese, como é do domínio público e da história recente - o que é certo é que a oficialização do ensino veio, paulatinamente, a trilhar caminhos que passaram, não pela ruptura pura e simples com o passado, antes pelo assumir duma herança local em termos de qualidade de ensino e de aposta no potencial ético e humano dos jovens da nossa terra.

Foi um novo ciclo, por vezes assaz doloroso, iniciado há 25 anos com a criação oficial da Escola Preparatória e da Escola Secundária de Proença-a-Nova, e a que sucessivos professores na gestão e na docência, bem como múltiplos funcionários têm vindo a dar o seu melhor com determinação, empenho, profissionalismo e elevado sentido de responsabilidade.

Hoje, a Escola C+S tem uma relação pacífica com a comunidade local e gera à sua volta empatias assinaláveis. Além disso, tem contribuído fortemente para a criação de um espírito académico na juventude, assumindo-se como um pólo essencial no desenvolvimento económico e cultural do concelho e como um espaço privilegiado para a aprendizagem de saberes e de valores.

UM TRABALHO DE MUITOS

Espaço privilegiado para a aprendizagem de saberes e de valores... num trabalho colectivo, árduo, não isento de erros e de alguns fracassos, mas sempre com o objectivo de melhorar e de vencer. Que o digam tantos professores, funcionários, alunos e pais que ao longo destes 25 anos construíram a escola. Nestes 25 anos, 1192 professores e funcionários trabalharam neste estabelecimento de ensino, o que fez da escola um veículo fundamental na divulgação do nome de Proença, por todo o país.

Que o digam as Chefes dos Serviços de Administração Escolar, Dª Soledade de Almeida, Dª Isabel Pequito, Dª Maria do Rosário Lourenço, ou a Tesoureira, Dª Elvira Farinha e restantes funcionários administrativos; que o digam o Sr. António Tomé, tantos anos responsável pelo pessoal auxiliar, os “auxiliares de acção educativa”, os técnicos do SASE, as funcionárias da cantina, o pessoal da vigilância.

O SERVIÇO NOS CONSELHOS DIRECTIVOS

Este espírito de serviço à comunidade, sem quaisquer outros fins ou intuitos, está bem patente no exercício abnegado de funções de direcção de tantos professores. Que o digam os que deram o seu melhor na gestão, através dos sucessivos conselhos directivos, e cito só os que presidiram a esses órgãos de gestão: na Escola Preparatória, até Abril de 1977, eu próprio, Daniel Catarino Bernardo Fernandes, tendo as aulas começado a 9 de Fevereiro de 1976; depois, o saudoso P. Manuel Farinha Costa, durante meio ano; entre Outubro de 1977 e Janeiro de 1978 a Profª Maria Virgínia Truta, seguindo-se o Engº João Manuel Flores até 1981; entre 1981 e 1984, o Dr. António Simão Cristo e Silva e em 1984/85, o Prof. Eduardo Cláudio Henriques da Silva.

Na Escola Secundária, em 1975/76, o Engº António Valdemar Martins de Oliveira, tendo as aulas começado a 16 de Fevereiro; em 1976/77, o Prof. Adelino Serafim; em 77/78, o Dr. António Manuel Paulo; em 1978/79, o Prof. Adelino Cristóvão Serafim, que já integrara a comissão inicial de 75/76; em 1979/80, o Dr. Joaquim Cardoso Pereira, posteriormente abraçando o ministério sacerdotal, sendo hoje missionário da Congregação do Preciosíssimo Sangue, na Guiné; em 1980/81, a Drª Isabel Maria Tavares Dias, ano, em que pela primeira vez, funcionou o 12º Ano, 4º curso; entre 1981 e 1983, o Dr. Artur Alberto Martins; entre 1983 e 1985, o Dr. António Gil Martins Dias.

Em1985, dá-se a fusão da Escola Preparatória com a Escola Secundária, passando a escola a chamar-se Escola C+S de Proença-a-Nova, com uma única gestão e, pela primeira vez, com cantina escolar, a funcionar em pavilhão pré-fabricado, a partir de 14 de Novembro de 1985. De novo, o Prof. António Gil Dias retoma funções, renovando e ampliando a dinâmica que já vinha imprimindo desde 1983, mais activa e participativa, sendo presidente entre 1985 e 1987. Em 1986/87, pela primeira vez, funcionou o 12º Ano, 1º curso. Entre 1987 e 1992, é a minha vez de dar o meu melhor como presidente ao serviço da C+S, tendo em 12 de Outubro de 1998 a Drec assinado um acordo de colaboração com a Câmara para a criação de uma escola tipo T24, instalações que entraram ao serviço em 16 de Setembro de 1992; de Setembro de 1992 a Fevereiro de 1994, é presidente a Drª Filomena Maria Fernandes Lourenço, actual vice-presidente da Câmara Municipal e, entre Fevereiro de 94 e Agosto de 1995, o Dr. António Manuel Martins da Silva.

O Dr. João Crisóstomo Cavalheiro Manso, que já vinha exercendo funções de gestão desde o Conselho Directivo de 92/93, assume a direcção da escola em 95/96. Tais funções tem vindo a exercê-las ininterruptamente desde aquela data, com grande dedicação e competência, sendo coadjuvado, desde início, pela dinâmica Drª Maria João Pereira. Nas funções de secretário do Conselho executivo, o Dr. João Manso teve a colaboração do Dr. Acácio Brito, Drª Carla Mendonça e, presentemente, da Drª Helena Fonseca. Neste ano lectivo de 2000/01, ano em que a escola recebe a denominação de Pedro da Fonseca, a escola passa a dispor de dois novos blocos para o ensino secundário, que entraram em funcionamento no início de Setembro de 2000. Em 31 de Janeiro de 2001, definitivamente, o Ministério da Educação deixou as instalações do antigo Externato Diocesano de Proença-a-Nova, pertencentes à diocese mas construído com grande empenho, sacrifício e contributo das gentes de Proença-a-Nova.

O ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

Voltando à questão do acesso ao ensino superior, é difícil contabilizar, com exactidão, a totalidade dos estudantes da C+S que ingressaram naquele nível de ensino ao longo destes anos. Porém, nos meus registos incompletos, só desde 1987 contabilizo quase quinhentos, mais precisamente 472.

Se em 1974, para um universo de 800 alunos matriculados, 64 ex-alunos do Colégio frequentavam o ensino superior - o que era assinalável - hoje, para uma média de 650 a 700 alunos matriculados na C+S, registo 254 alunos enviados para o ensino superior nos últimos 5 anos, 100 dos quais para Lisboa e Coimbra. O que quer dizer que temos mais alunos no ensino superior que no ensino secundário. E neste cômputo não exaustivo, escapam-me ainda alguns que têm tido acesso ao ensino superior privado, ainda que a maioria esmagadora dos nossos alunos ingresse no ensino público.

Significativo, sem dúvida, é também o facto de vários ex-alunos terem feito ou estarem a fazer mestrados e pelo menos cinco se encontram em fase de doutoramento em áreas como a Matemática, a Geografia Humana, a Informática, a Engenharia Química e a Biologia Celular / Genética.

Se, entretanto, olharmos só para os dados desta década (1991-2000), quatro áreas de acesso estão em destaque: Engenharias (Informática, Química, Electrotécnica, Mecânica, Civil, Física, etc.) com 140 alunos; Educação e Ensino (todas as especialidades e níveis de ensino) com 138 alunos; Saúde (Enfermagem, Medicinas e outros) com 42 alunos; Gestão, Economia, Administração / Contabilidade, com 29 alunos. As áreas do Turismo, Direito, Jornalismo, Psicologia, Academia Militar, Arquitectura e outros recebem ainda 28 alunos.

Segundo dados da OCDE, no relatório “Education at a Glance 2000”, em 1996, apenas 20% da população portuguesa concluía o Ensino Secundário e apenas 7% da população portuguesa tinha formação superior. Porém, a nível europeu, espera-se que - segundo o mesmo estudo - brevemente um em cada três europeus tenha frequentado ou volte a frequentar um curso superior.

Na nossa escola, já nos aproximámos e até ultrapassámos aquilo que é o desiderato europeu. O Ensino Secundário tem uma taxa de frequência muito elevada e, há vários anos consecutivos, cerca de 40% dos alunos entrados no 5º ano chegam ao ensino superior.

Daniel Catarino Fernandes

in Jornal A Palmatória

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